Volto, mas para outro endereço

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Após tantas idas e vindas, após pandemia, após anos de terapia, após tantas histórias, resolvi dar uma nova cara para o blog. Reescrevi a maioria dos textos – afinal, a maturidade melhora a poesia -, também tenho escrito novas histórias. Publico quando dá na telha, quando dá tempo e quando acho que a história realmente está no seu melhor momento (tipo vinho no barril).

Ah, tirei as receitas 😉

Te espero por lá.

Beijos,
Pri


#8 Diário sobre o Peru – relatos para a pequena Lica

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DIA 8: MACHU PICCHU, A CIDADE PERDIDA

Quando a gente está próximo a alcançar um sonho, é quando mais precisamos de nós mesmos. Já repararam, meninas? É o que chamo do “medo do consegui”. O coração acelera, as mãos ficam frias e as pernas chegam a bambear. A expectativa do que está por vir inunda você por inteiro, pois mesmo estando pertinho de tudo, ainda existe um último obstáculo a superar. Talvez, por estar tão perto, o maior imprevisto seja mesmo o seu pensamento. O negócio é respirar fundo e fazer acontecer!

No nosso caso aqui, desta grande aventura no Peru, o desafiador era não perder o ônibus que sobe a montanha até Machu Picchu, o que acarretaria não só na perda de bons dólares, como também do nosso horário reservado no sítio arqueológico (começaram a limitar as visitações). Sem contar que ficaríamos “presas” em Águas Calientes . Não sei se aguentaria um dia que se repete, e se repete, e se repete neste local, tipo “O Dia da Marmota” (quando ficarem mais velhas, assistam ao filme “O Feitiço do Tempo”).

Era tanto o medo e a respirada foi tão funda, que colocamos dois despertadores, deixamos todas as malas prontas na véspera, separamos as roupas que íamos vestir sobre a cadeira e engolimos o café da manhã quase sem sentir gosto. Conclusão, chegamos ao ponto de ônibus duas horas antes do marcado para a subida porque nos confundimos com os horários. Além do engraçado “pito” da organizadora de filas, ganhamos boas risadas de piadas aleatórias sobre nós mesmas e um momento para meditar, bater-papo e observar as pessoas.

O que dá tempo também para explicar a vocês o que tanta gente vai fazer neste lugar. “Cidade Perdida”, assim ficou conhecida Machu Picchu ao ser descoberta em 1911 por um historiador norte-americano que estudava os incas. Isso porque para protegê-la dos espanhóis, que chegaram às terras peruanas em 1530, os Incas a abandonaram ainda em construção (a cidade tinha apenas 80 anos). Por isso, pouco se sabe sobre ela. Para guardar esse segredo, todas as cidades ao longo do Vale Sagrado fizeram forte resistência. Os espanhóis nunca a acharam, mas muitos incas morreram nessa guerra.

Por isso, a maioria das pessoas opta pelas trilhas, fazendo o caminho da descoberta. Porém, cada um tem a sua forma de se conectar a esta busca. Como cruzamos todo o Vale Sagrado, essa parte final ficou por ônibus. Mais rápido e com aquela sensação de viver uma excursão rumo a um dos parques da Disney. Algo que passa logo ao entrar na reserva arqueológica – ainda bem…

Bom, como eu disse, conquistar sonhos exige muito do nosso emocional. Coração acelerado e frio na barriga. O momento tão especial tinha que chegar, né?! Finalmente, pisei na Cidade Perdida! Ao passar pela sua entrada principal, todas as estrelas que nos acompanharam pelo Vale Inca, ao longo desse rastro de Via Láctea, formaram um lindo mapa na minha mente. Como não dizer que há algo mágico nisso tudo?

Descobri o segredo dos Incas, garotas! O segredo de Machu Picchu está no caminho até lá. Admirando cada detalhe percebi que o tesouro inca é toda essa experiência que venho contando a vocês e tudo que isso tem me ensinado. É o que me fez realmente enxergar a Cidade Perdida. Como os Incas dizem, temos também nosso “rio interior”, certo?!

Era próximo ao meio-dia quando alcancei a praça central. O Rei Sol, o grande deus dos incas, atingia o topo do céu. Abençoava toda a cidade em ruínas, tingindo tudo de dourado. Fechei os olhos e agradeci pela viagem. O vento fresco vindo da mata passou como um sopro, aliviando o calor em meu rosto. Sorri, em paz. Sim, a partir daquele momento começava o meu caminho de volta. E quem voltava? Está aí o outro tesouro de Machu Picchu. Descobrir quem era aquela que voltava.

Com amor, tia Pri (um dia, eu levarei vocês).

Leia também:
#1 Diário sobre o Peru – relatos para a pequena Lica
#2 Diário sobre o Peru – relatos para a pequena Lica
#3 Diário sobre o Peru – relatos para a pequena Lica
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#6 Diário sobre o Peru – relatos para a pequena Lica
#7 Diário sobre o Peru – relatos para a pequena Lica

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Pouco antes de embarcar rumo ao Peru, minha sobrinha-afilhada por escolha do coração, Lica (Olivia), perguntou à mãe dela o que exatamente a “tia Pri” iria fazer no Peru. Essa garotinha de 9 anos – e de voz tão doce quanto sua imaginação – lançou, assim, uma ideia na cabeça de sua mãe: “Pri, por que você não escreve pra gente todo dia contando os encantos desse país?!”. Achei a ideia incrível. Nunca tinha escrito relatos de viagem sob um olhar infanto-juvenil. Assim, não só contei para a Lica dia por dia o que foi o Peru, como também passei a compartilhar com Sabrina, sua linda irmã de 14 anos, cada detalhe dessa história de 8 dias. Então, veio a ideia de publicar aqui, no Volto Pro Almoço, um diário de viagem especial. Linhas dedicadas às irmãs Lica e Sasá, e, claro, ao meu serelepe sobrinho João Pedro, o “Jotinha” (que um dia entenderá quem foi Indiana Jones). Todos eles representam aquelas crianças inteligentes, curiosas e cheias de vida que a gente fez questão de carregar para qualquer aventura pelo mundo.